quarta-feira, 30 de março de 2011

PEDRAS NO MEIO DO CAMINHO

2007. Um ano complicado... O ano da Pedra. A pior, mais letal, mais viciante... "E, aquele garoto, que iria mudar o mundo" Teve acesso e gostou do negócio... sem clichês jornalnacionalianos, O vício não foi na terceira nem na quarta vez... O gosto? A sensação? Uma angústia gostosa... paradoxal. Paradoxal também, a caminhada paralela do nosso herói. Passou pra PUC. Comunicação. Largou tudo. Foi pra faculdade. Cheio de esperança... E o buraco já se batia na cintura dele. Mas, a PUC foi uma boa notícia... e, a vontade de graduação... a necessidade de voltar a estudar e largar o trabalho que já o enfastiava... Foi fazer cinema, na PUC. Mas, haviam pedras no caminho.

"Danço eu, dança você na dança da solidão"*

E vidinha que continua... agora faculdade, estágio e preocupações gerais de um homem sozinho. Uma gripe que chegou ontem (e, o adicto não pode fungar o nariz que já o olham de soslaio e pensam...hummmm, será?) A solidão é um problema. Estar sozinho é dificil. APrender a conviver com isso também. Arranjei um gatinho, mas, ele é gatinho que rala. Aliás, gatinho virgula... Um grande Negro Gato. Super responsável e que me apoia bastante... mas, nosso tempo é totalmente desproporcional a nossa vontade de se ver. Enfim...Tô postando isso pra diminuir um pouco a saudade... * Paulinho da Viola

quinta-feira, 17 de março de 2011

20 ANOS DE SOLIDÃO


Parece que foi ontem...

De vez em quando, ainda sinto o cheiro dela.

Sua voz carinhosa me contando "causos" do Nordeste, onde ora riamos, ora choravamos juntos.

O gosto de sua comida, em especial o feijão Fradim com carne-seca, quando comiamos eu, ela, irmã e prima, todos no chão e ela fazendo bolinhos de feijão com farinha e dando a nós com as mãos.

Peguei a mania de dormir com um travesseiro entre as pernas porque dormia com ela e, invariavelmente, jogava minhas pernas sobre ela.

Lembro-me das pouquissimas palmadas que ela me deu... Eu chorava no canto, depois vinha ela, me chamegar. Coisa de Vó mesmo.


É, parece que foi ontem. Que após uma consulta médica que seria de rotina por uma garganta inflamada e após alguns exames, vejo-a chorando na cozinha e pergunto: - O que foi? e ela responde: - Me mandaram pro Instituto Nacional do Câncer.

Minha primeira reação foi de ânimo minha véia...vai dar tudo certo.

E, não deu... Aquela que era mãe, pai, avó, tia, amiga... definhou e sofreu 3 amargos anos até que um dia... O FIM.

Briguei (Feio) com Deus alí... -Porque seu filho da puta? porque logo ela? porque não o viciado que eu chamo de Pai... A puta que eu chamo de mãe? e que não valhem-me pra nada...

13 anos... Busquei a culpa e culpei Deus.

Hoje, 17 de Março de 2011, fazem vinte anos que ela se foi. E, já refeito as pazes com Deus, sei que ela foi recebida no céu com festa nordestina e muito feijão fradim com carne seca... Porque ela era uma mulher de fibra, uma guerreira e, acima de tudo uma humanista incapaz de ver um vizinho ou qualquer ser humano em dificuldades e não mover mundos e fundos pra ajudar. Ou seja: Cristianismo essencial, Amai-vos uns aos Outros. E ela soube amar. A mim então nem se fala, que era o seu xodó e ela já percebia algo diferente, uma sensibilidade diante da vida que, com certeza, herdei dela.

É... Parece que foi ontem.

A saudade sempre vai persistir...Sinto o cheiro, o gosto do tempero, o travesseiro entre as pernas representa sua presença... Mas, munido da fé em que me encontro hoje, sei que um dia, me encontrarei com ela, minha doce avó, minha grande Ana Freire da Silva



Resquiece in Pace


Dedicado á maior mulher que o meu mundo já conheceu:

Ana Freire da Silva
* 09-11-1929

+ 17-03-1991



terça-feira, 15 de março de 2011

Metendo (cada vez mais) O Nariz

Estamos em 2003. Casinha bacana, salariozinho razoável, cocaína aos fins de semana...sozinho. Só faltava alguém, pra namorar.
Esse alguém apareceu e chamava-se Cléber. Belo rapaz, trabalhador, honesto (até aqui) e... USUÁRIO. Epa !!!!!!!! o homem que ele pediu á Deus (e que o diabo se encarregou de unir).
Em 2 meses já moravam juntos... dividiam tudo, aluguel, comida e cocaína. Muita cocaína. O que era uma coisa esporádica, de alguns fins de semana, começou a se transformar em algo diário. Esqueça o cinema, o teatro, um showzinho da sua banda preferida... Toda e qualquer grana e energia possível eram direcionadas à COCA (e não falamos da COLA).
Mais uma vez, desemprego, falta de direcionamento, tristeza...
O nosso maldito herói passou para a UFF (comunicação)... Mas, como ? Já estava em outro trabalho, o tal de Cléber já tinha metido o pé (não sem antes "levar emprestado sem pedir" coisas como: TV, DVD, GELADEIRA, mas, como conciliar trabalho e faculdade?
A grana pra pagar a segunda fase do vestibular vcs. sabem onde foi parar...nem é preciso dizer.
"Só, somente só, assim vou lhe chamar assim você vai ser"*
Os avós! sim, poderia voltar para lá... Não se eles não já tivessem morrido. o que se deu em fins de 2002...
Um retrato desolador: Um homem, sozinho, trabalhando num sub-emprego e, já conformado com esse fim.
Prostituição nos finais de semana... muita cocaína (sozinho ou mal acompanhado) e, um vazio que parecia ter nascido com ele. E nasceu... E, só depois de alguns anos ele descobriu o porque daquele vazio.
Um dia, talvez ele conte.
Por hora é só...

*Preta, Pretinha (Novos Bahianos)

terça-feira, 8 de março de 2011

VIDAPRECIOSAVIDA


Carnaval...já falamos sobre isso.
O papo é reto. ví um filme demasiadamente inspirador e sensível... uma coisa que me inspirou e me chapou cinematograficamente.
Uma fita sobre vida e superação.
Falo de "Preciosa - Uma história de esperança." Não é exatamente um filme novo, de 2009, ganhou alguns Oscars enfim...
Tem uma frase magnifica que resume tudo:

"Deus (ou qualquer outra força) é tão inteligente, que se o seu dia de hoje for uma merda, ele te dá o amanhã para consertar e ser feliz"

Indico, reindico e afirmo: PUTA FILME... Me inspirou, me fez feliz!!!!!!!!
E, vocês devem estar se perguntando: - Porque tanto estardalhaço por um filme???

Cito as inteligentes palavras do mestre
Orson Wells: sobre o cinema:


“A mágica, o ilusório, a arte [...] uma mentira que nos faz ver a verdade”

(Orson Welles in: F for Fake)

domingo, 6 de março de 2011

AUTOFAGIA


A cor do texto mudou... vermelho, significa atenção. Ou mesmo cuidado.

Nosso herói (ou anti-herói) como preferir, sentia o mundo aos seus pés. A juventude dá-nos essa sensação...que atire a pedra quem tem 20 e poucos anos e nunca se achou dono do mundo. Enfim, por volta dessa idade, o rapaz crescia naquela efervescência cultural de Santa Tereza. Sempre regado a muito alcool, maconha e cocaína. A república de amigos já não era a mesma. alguns foram embora, outros que ficaram viviam irresponsavelmente...sem trabalho, só estudando e fumando maconha (o que aliás, desculpem-me os amigos que ainda fumam um) trás consigo um estado de letargia fudido e te deixa literalmente viajando. Ou seja: o castelo Ruiu. Foram-se os ideais de mudança social, as discussões politicas, o ideário de esquerda...Dois anos viraram pó (desculpe o trocadilho).
O grande salto que fora dado, virou um regresso. Nosso amigo voltou pra sua Baixada Fluminense. Desempregado, com a moral em baixa, viciado em maconha (a cocaína ainda não tinha se tornado um problema sério)....
Casa de vovó materna, tudo diferente: almoço e janta na hora certa, hora de dormir, hora de acordar... o rapaz achava aquilo um tédio. Abriu-se outra porta de emprego. Primeiro pagamento: motel sozinho com muita cocaina e alcool.
Segundo pagamento comprar fogão, geladeira e...cocaina
Terceiro pagamento: alugar uma casa em Jacarepaguá. Longe da vovó, dos tios. Perto do trabalho e, cavando um buraco cada vez maior com os própios pés rumo a destruição.

aguardem pelos próximos capítulos.

p.s.: Descanse em paz, meus avós.

sexta-feira, 4 de março de 2011

"TODO CARNAVAL TEM SEU FIM"*

Um momento dificil pro adicto. Ou não...tudo depende da força interior.
Dá pra ficar feliz sem drogas e alcool?
Dá pra se divertir careta?
Dá pra pular sem cheirim da loló, maconha,coca?
Em minha opinião,sim... mas, se você sentir-se vulnerável ainda, porque não isolar-se? Sair da cidade ou mesmo aproveitar esses dias pra estar ao lado da familia de quem nos distanciamos tanto quando eramos viciados?
Enfim... Cada qual escolhe seu caminho... "cada um sabe a dor e a delicia de ser o que é".
Eu decidí ficar em casa, ler meus textos da faculdade, ir á igreja.
Achei meu caminho e não quero (e não vou) perdê-lo.
Rezo por todos os amigos que ainda se encontram na drogadição...que eles possam também encontrar o seu.

um belo carnaval pra todos.

* O titulo do post é titulo de uma musica do Los Hermanos.